terça-feira, 25 de novembro de 2014

História 004 - Aranna

  Nota:
  A minha mente não para de me dar ideias para novas histórias. Hoje de madrugada, um pouco antes de dormir tive a inspiração de escrever algumas histórias infantis, pois tenho muitos sobrinhos. Essa é a primeira, mas tô cheio de ideias, acho que virão outras em breve. 
               
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                          Aranna - Os sapatos cor de rosa   
                                                                                    Neto Sanville


   Era uma vez um mundo chamado Insetolândia onde os habitantes eram insetos inteligentes. Eles viviam como gente, conversavam entre sim, usavam roupas, tinham meios de transportes, casas e edifícios, comidas, músicas e esportes. Eles até dançavam e faziam bolhas de sabão. E aviõezinhos de papel.

                                                                    ***

   Aranna a aranhinha filha da aranha Ariana ia completar dezesseis anos aracnídeos, e convidou todos os amigos e parentes de oito patas para a sua festa. No convite, ela deixou bem claro que ninguém – NINGUÉM MESMO – deveria vir vestido de nada com a cor rosa, pois essa era a cor que ela escolhera.

   Faltava só sete nascer do sol para a festa, mas a mãe dela ainda não tinha encontrado os sapatos que a filha tanto queria, que fossem da mesma cor do lindo vestido que a avó Aranilda já tinha terminado de costurar uma semana atrás.

   Na loja especializada em roupas e artigos para aranhas e insetos de mais de quatro patas, havia muitos pares de sapatos cor de rosa, mais nenhum era igual ao rosa do vestido, que era um rosa tão rosa quanto o pedaço de pétala rosa de uma rosa rosa que ela tinha tirado do jardim e levado para a loja de tecido para comprar um tecido rosa que fosse tão rosa quanto o rosa da rosa rosa. Não tinha jeito, não havia os sapatos que ela queria, e Aranna chorou muito com medo de que não encontrasse sapatos para usar na sua festa.

   Toda a família da aranhinha se reuniu à noite para encontrar uma solução. Aron, o aranha pai da aranhinha sugeriu então que a solução era fazer outro vestido, e dessa vez comprariam primeiro os sapatos e levaria um deles para a loja de tecidos para que a cor do tecido fosse a mais parecida com a cor dos sapatos. A avó da aranhinha disse assustada que talvez não desse tempo, que passou seis dias para fazer o outro vestido, e agora só faltavam seis dias para a festa, e ainda teriam que comprar os sapatos, para poder comprar o tecido, e a linha da mesma cor do tecido, e blá, blá, blá... Arânio, o irmão mais velho de Aranna disse que ia dar tempo sim, que no outro dia logo cedo, assim que a loja de sapatos abrisse, eles estariam lá para comprar os sapatos. Iria ele e Aranna de carona nas costas do Cigarra Cícero, que era um grande amigo e era muito veloz; e de lá iriam para a loja de tecidos, e logo estariam de volta. E acrescentou que essa festa teria que acontecer, pois queria aproveitar para pedir a prima aranha Arady em namoro.

   No outro dia de manhã foi quase como Arânio falou que seria, só que na hora de provar os quatro pares de sapatos rosa escolhidos, Aranna descobriu que suas duas últimas patas traseiras ainda não estavam do mesmo tamanho das outras patas, e isso porque ela ainda estava em fase de crescimento. Bárbara, a borboleta que era a vendedora que estava atendendo sorriu e disse que isso era muito comum. Os sapatos para aranha eram vendidos em quatro pares. Aranna pensou um pouco, e achou melhor comprar os quatro pares mesmo assim. Daria um jeito de usar os sapatos folgados nas últimas patas, só tinha que fazer algo para que eles não saíssem das patas e ela pagasse um mico, mas pensaria nisso depois. Saíram da loja de sapatos e foram logo para a loja de tecidos, e por sorte, ela conseguiu um tecido rosa que era o mesmo rosa dos sapatos, embora não fosse o mesmo rosa das rosas rosas que nasciam no jardim de sua casa. E na mesma loja compraram a linha rosa bem parecida com o rosa do tecido e foram para casa.

   A avó de Aranna cortou o tecido, e foi até mais rápido, pois já tinha o molde que usou para cortar o outro. No mesmo dia começou a costurar as primeiras partes. O demorado era costurar as miçangas e mini cristais, mas a mãe de Aranna que também sabia costurar, disse que ajudaria nas horas vagas; quando não estivesse na escola dando aulas, ou corrigindo as tarefas dos pequenos alunos aracnídeos.

     O vestido só ficou pronto no dia da festa, mais era o vestido mais lindo que Aranna já vira. Bem, era igual ao outro, mas era o mesmo rosa dos sapatos, e Aranna estava muito feliz, sabia que iria arrasar em sua festa. Quanto ao problema dos dois sapatos que ficariam folgados, seu pai que era muito inteligente colou algumas camadas de papel por dentro, sempre mandando a filha experimentar até que ela disse que estava perfeito.

   A festa foi um sucesso, e na hora dos parabéns Aranna chorou de alegria, mas o que ninguém sabia, o que ela guardava em segredo; é que tinha se produzido toda só para chamar a atenção de Aranildes (seu colega de classe),o aracnídeo filho do prefeito.

    E quase no final da festa, depois de dançarem e conversarem um bocado ele a pediu em namoro. E namoraram , noivaram, e casaram. Foram felizes para sempre.

                                                                        Fim



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Contratempos.


     Finalmente levei meu computador para conserto semana passada, e o carinha me disse que precisarei de uma nova placa mãe, além de mais memória - e como continuo sem trabalho (Ainda fazendo "bicos"), não terei condições de consertá-lo agora. (Talvez não mais esse ano, tô conseguindo pagar minhas contas no sufoco).  
     Apesar do meu irmão trabalhar e ir para a faculdade, não posso usar esse dele toda hora, pois sempre passo tempo lá na minha casa. No mínimo, tenho que ir lá aguar as plantas - meus pés de morangos, acerola, pitanga e mamão. (aliás, era lá que eu mais escrevia, esquecia do mundo).

     O curioso é que tô cheio de estórias e ideias, mas não sinto muita inspiração aqui no quarto do meu irmão, não tenho paciência de escrever por mais de uma hora sem parar como fazia na maioria das vezes lá em casa. Aqui fico jogando, acessando vídeos no Youtube, e outras coisas desse tipo.

     Tenho que voltar a escrever, tenho muitas estórias começadas. E tenho também que continuar escrevendo as estórias do orfanato raio de sol, ideia que tive de escrever estórias curtas exclusivamente para este blog, mais depois de escrever as três primeiras (já publicadas aqui), estou pensando em transformá-las em um livro. (Acho que serão doze ou quinze estórias, tô cheio de idéias). 

     Ainda não divulguei esse blog para ninguém, mas hoje de manhã fiz um novo perfil no Facebook (tinha excluído o outro há três meses - depois do meu inferno astral) e comecei a adicionar pessoas, quando tiver mais de trezentos amigos, divulgarei.

     Por hoje é só.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sobre o The voice Brasil


     Quando o programa surgiu aqui no Brasil, confesso que fiquei tentado a me escrever. Imagina um programa onde o que importa é a voz, não o visual da pessoa.

     (Nunca gostei do meu corpo magricelo e levemente barrigudo.
 *Mas hoje em dia não tô mais assim. Depois desses três meses de exercícios quatro vezes por semana, não tenho mais vergonha dos meus braços finos e já tem algumas bermudas folgadas, caindo se não uso cinto).

     Voltando ao assunto: Bem, não me escrevi naquela época, (não sou desses sem noção que se acham prontos, quando não passam de cantores de chuveiro). E depois de assistir acho que nunca participarei. Lembro bem que alguns jurados não apertavam o botão, e quando era no fim; depois de ver o(a) candidato(a) diziam “Eu devia ter apertado o botão, me arrependi”... Porra!, o programa é “the voice”, não “the face” ou “the body”.

      O pior é que os tais TÉCNICOS (que eu curto o trabalho de quase todos) continuaram cometendo seus erros na hora de julgar nas batalhas.

     E passou dois anos, já está na terceira temporada, e ainda assim, eles parecem não ter aprendido a julgar a voz. Na quinta passada três injustiças foram cometidas. Senti vontade de estar lá para gritar “Caralho, o nome do programa é the voice, não the face!”.

     Acho que se eles estão ali como técnicos para escolher a melhor voz, deveriam respeitar isso. E daí que fulano ou sicrano tem o melhor timbre ou se veste melhor? Se ele(a) não esteve bem na apresentação, que seja eliminado(a). E o outro, que se esforçou e conseguiu fazer uma boa apresentação? Como fica? Não fica, volta para casa...
     E a vida continua, rumo a escolha da mais bela voz do Brasil. (Mesmo?).

     

Por que a gente é assim? - 02


     Dias atrás vi na tevê a estória de dois irmãos cegos que cantam sertanejo e queriam conhecer um desses novos sertanejos famosos. O que me chocou na matéria foi a hipocrisia do apresentador.

     Ele disse que os dois estavam no programa pelo talento, por cantarem bem. (Detalhe: eles não são famosos; acho que nem vivem de música). E qualquer pessoa com um pouquinho de inteligência sabe que foi a DEFICIÊNCIA dos dois que proporcionou “esse bônus”. (Sem falar nas vezes que a deficiência dos dois foi comentada pelo apresentador hipócrita). Há muitos cantores não famosos tão talentosos ou mais, e não vão aparecer no programa dele por NÃO serem deficientes!

     Tenho me perguntado tanto “por que a gente é assim?”.

     As pessoas tem que aprender a tratar os outros e se tratar com naturalidade, independente de uma deficiência qualquer. Somos humanos. Todos! Nenhuma deficiência pode mudar isso. Não é preciso ficar puxando o saco, presenteando; fingindo que não sentem pena da deficiência ou pior: usando-a por um pouco de ibope.

                                               ***

     Ante ontem assisti a estória de um deficiente visual que participou de uma prova que poucos conseguem: Correr uma maratona no deserto.

     Na entrevista ele deixou bem claro que fez isso para provar que era capaz. Sinto alegria por ele conseguir, mas ao mesmo tempo, acho isso desnecessário. NÃO TEM QUE PROVAR NADA PARA NINGUÉM. Nem mesmo para si mesmo. Participar de uma MEGA PROVA FÍSICA não desfaz a deficiência. (Teve que correr amarrado a uma guia. Ocupou uma pessoa apenas para fazer a função dos OLHOS DELE).

     Sei que sou um cara careta, que tenho conceitos bem diferentes da maioria, mas vamos ser justos: Deficiência não diminui ninguém. São as ações.

     Mesmo que essa mulher tenha feito isso por amor, por amizade, ou pelo dinheiro, ela poderia estar fazendo outra coisa. Quem sabe se não perdeu algum acontecimento importante de algum familiar? E o cara continua cego depois de tudo.

                                                  ***


     Pior é quando algum deficiente comete a hipocrisia de dizer “Hoje eu sou mais feliz do que antes do acidente”, (Como já vi um famoso na tevê dizer) quando o máximo que deveria dizer era “apesar de tudo, hoje eu consigo viver bem, e me sinto feliz”.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Evolução X criação.

     Faz um tempo, meu irmão e meu pai concordavam com a criação do homem por Deus, e não que evoluímos dos macacos. (E discordavam da  existência de dinossauros). 

     Me meti na conversa e falei pro meu irmão mais velho: 

- É a mesma coisa, a ciência que explica melhor, só isso.
- Tu acha que a gente evoluiu de um macaco?
- Imagine uma cena: Deus pega um pouco de barro, coloca na mão, modela o homem e lhe sopra a vida. Você não acha que um pouco antes do barro parecer um homem, pareceria um macaco? E isso revelaria o TAMANHO de Deus, já que caberíamos na palma da mão dele. É só uma estória com palavras aceitáveis para aquela época. É uma descrição científica da ação da natureza. O barro significa a matéria, e o sopro no final, que ganhamos consciência, inteligência. E veja que fomos feitos depois de todos os outros animais, num tempo que não existia a escrita. A Bíblia foi escrita muito tempo depois. Alguns textos são científicos, mas escritos sempre de uma maneira aceitável para aquela época. Muitas palavras que estão na Bíblia hoje, nem existiam quando ela foi escrita. Quanto a questão dos dinossauros, os seis dias de criação do universo não foram seis dias terrestres. Na Bíblia diz que o tempo de Deus não é o mesmo tempo do homem. E se Deus tem o poder de criar as coisas só com o pensamento, criaria tudo em menos de um segundo. Talvez os homens levassem seis dias para descrever tudo o que foi criado. E Deus ficou cansado e descansou no sétimo dia? (Isso é uma das coisas que não fazem sentido, e não é a única na Bíblia). Mas para aquela época, que poucos homens tinham tempo para estudar, pesquisar; a Bíblia foi muito bem escrita.
     Eles ficaram meio sem saber o que falar, e acabamos mudando de assunto. (E foi melhor assim).


SER OU ESTAR?

Só as pedras são. 
As pessoas estão:
Em movimento, vegetando, sobrevivendo,
Agonizando, em constante transformação.

Os minerais são.
Os vegetais e os animais estão:
Em crescimento, se reproduzindo,
Morrendo, em estado de putrefação.

Minerais são.
Vegetais e animais estão:
Assexuados, em estado homo,
héteros, bi, em confusão.

Só as pedras são
As pessoas estão:
Se descobrindo, apaixonadas,
Se decepcionando, (e ainda assim)
Em estado de evolução. 

domingo, 9 de novembro de 2014

O que é o UNIVERSO?


     Bem, detesto estragar surpresas, mas acredito que não custará muito para que os cientistas revelem o que eu já sei há muito tempo: O universo é um ser vivo.

     Tenho provas bíblicas e científicas. O que acontece é que religiões e ciência vivem brigando, procurando explicações complicadas para uma coisa que é bem simples, e talvez nunca cheguem a um acordo sobre a verdade.

     A Bíblia contém textos científicos, escrito de uma forma “bonita”, aceitável para aquela época. As pessoas é que não percebem que muitas coisas que a ciência tenta provar, está lá na Bíblia.  Por exemplo, A “evolução do homem” descrita pela ciência é a mesma “criação do homem” escrita na Bíblia; (com palavras aceitáveis para aquele tempo, uma estória bonita).

     Mas é sobre o Universo que eu quero falar. E as provas.
     O Universo não está “em expansão”, está crescendo como todo ser vivo.

    Sabe o sol? É apenas o núcleo de uma das células que formam o Universo. Buracos negros são células que captam energia para que a matéria negra possa formar novas células e o Universo continuar seu crescimento.

     Como assim o sol, é o núcleo de uma célula?É uma bola de fogo!?! Se você pudesse ver os ácidos agindo nos núcleos de algumas células, veria que é o mesmo processo.

     O Universo é muito grande para ser estudado, mas a diferença dele para nós; é a mesma de nós para os seres microscópicos.

     Teorias como o Big-bang, ou Buraco branco (desculpe Stephen Hawking), são ficção científica. Uma explosão não gera, destrói. (Ah, esqueça teorias de multiverso, viagens no tempo; são tudo ficção. O poder contido em cada átomo que forma tudo o que existe impossibilita isso).
     Fecundação é a palavra certa para revelar o que é o Universo: Um ser vivo. (É só filmar do momento em que um óvulo é fecundado até virar um feto e acelerar a imagem; vai parecer uma explosão).

     E se o Universo é um ser vivo, então é Deus. Simples assim.

     Tá, eu sei que cada religião tem um Deus, mas vamos ser realistas: Acha que Deus está sentado num trono de ouro esperando que você viva toda a sua vida como ele quer para que no final, você possa passar a eternidade de joelhos o louvando? Ou qualquer outra que seja a recompensa sugerida por sua religião?

     Tá na bíblia: Deus é onipresente. Isso define tudo. Ele é tudo. Tudo que existe forma o Universo. Ele é o Universo. Um ser vivo. Como nós, feito de energia e matéria. Como os seres microscópicos, feitos de energia e matéria. Talvez antigamente não se usasse essas palavras, seria “imagem e semelhança”? E quantas vezes os livros da Bíblia (ou qualquer outro livro religioso) foram reescritos? E novas palavras adicionadas? E tudo no final aprovado por alguém. Um homem. Palavras humanas, versões humanas.

     O Universo é um ser vivo, feito de energia e matéria. Deus.


     Nós somos feitos também de energia e matéria. somos Anticorpos ou vírus. (Aposto na primeira, e acredite, há outras formas de vida se desenvolvendo por todo o Universo, mas acho que o tempo não permitirá um encontro).

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Chip na testa.


     Dias atrás ouvi duas adolescentes evangélicas falando sobre o fim do mundo se aproximando com a marca da besta fera... Ainda pensei em me meter na conversa, mas não sou desses que compra briga, ainda mais com estranhos. 

     Agora me deu vontade de falar sobre isso. Nós já somos marcados!Vigiados, controlados! Escravos do DINHEIRO, do TEMPO, de leis e regras, de nossas NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

     Registro de nascimento, CPF, Identidade, Título, Reservista, Passaporte... Sem falar nos vários tipos de cadastros e pesquisas. Não existe liberdade, somos prisioneiros. Acha que pode ir muito longe sem documentos ou sem dinheiro? (E para ganhar dinheiro tem que ter trabalho, estudo; se escravizar por um tempo).

     Até a maioria das RELIGIÕES marcam seus membros, com o batismo, assim como os pais marcam os filhos lhe dando nomes e sobrenomes.

     A liberdade é só um conceito, uma invenção como a felicidade, a amizade. Conveniências que o ser humano precisa para se sentir bem. Nem mesmo os indigentes, "os homens invisíveis" são livres.

     E quem disse que o chip precisa ser implantado na testa?

     Se inventassem esse chip contendo todas as informações e mais um GPS, seria muito útil. Facilitaria muito a vida de todos. Uma criança seria achada mais rápido, os sequestros seriam quase impossíveis, um bandido seria capturado logo. 

     O que as pessoas tem que entender, é que coisas desse tipo não podem manchar, poluir, modificar a alma. Nada feito pelo homem pode danificar a alma. Uma tatuagem na pele, um implante de silicone... Coisas desse tipo não alteram a alma, pois ela é feita de energia, e é inacessível materialmente falando. São os sentimentos que podem corrompê-la. O pecado ou o milagre acontecem no campo sentimental. É de dentro de nós para fora, não o contrário. Nada que você coma ou beba pode sujar sua alma se você faz isso sem interferir em nenhum dos mandamentos (que podem ser reduzido a um só: Respeitar todas as formas de vida).

     É que nós seres humanos temos a tendência a procurar logo algo negativo nas coisas.

     Por mais que você não acredite, já começam a nos marcar quando nascemos, e não param mais. Maternidade, vacinas, consultas, escola...

     São as ações e sentimentos de cada um que o conduzirá ao céu ou ao inferno. Ou ao nada - o destino sugerido pelos ateus (já que não acreditam nem numa coisa, nem noutra). Uma marca não pode condenar ninguém. Querer ser marcado sim. Não se pode vender a alma ao diabo, pois a simples ideia de querer fazer isso já é renunciar a chance de ir para o céu. (E a alma não é um objeto que possa ser vendido. Aliás, comércio é invenção dos homens).

Mudei de ideia.

     Eu estava bem interessado em publicar meus livros artesanalmente, mas pensei melhor esses dias. As coisas ainda não estão boas, ainda não estou trabalhando, passaram duas semanas e ainda não consertei o meu computador. (Para piorar, a bomba de água lá da minha casa queimou, é um gasto a mais).

     Bem, eu pensei esses dias, tive muito trabalho para escrever as minhas estórias, mesmo as que tem poucas páginas. Passei um bom tempo para editar em formato de livro e queria mesmo publicar, mas para isso teria que comprar umas coisas, e não tô podendo gastar.

     Teria que imprimir (Precisaria recarregar a impressora do meu irmão, comprar papéis e a capa numa gráfica); costurar e colar os cadernos (Precisaria comprar uma guilhotina para o acabamento). E então faria livro por livro, algo bem trabalhoso.

     Comecei a me perguntar se valia a pena tanto esforço. Eu quero muito que o povo conheça minhas estórias, mas será que alguém ia se interessar? E mais, tanto trabalho para escrever, editar, fazer os livros artesanalmente para vender por quanto? Achei que não valia a pena se tivesse que vender por menos de dez reais, e desconfio que ninguém (a não ser por amizade) se interessaria em comprar por mais que isso. 

      Sendo assim decidi esperar mais um tempo pelas editoras. Ainda espero resposta de outras duas para o romance "Doze dias sem ver o sol", e se uma gostou da estória, tenho esperança que outra goste. E se não receber respostas esse ano, vou enviar o romance "A rainha infeliz" no próximo ano. O que sei é que não vou desistir tão fácil.

     O motivo de não aceitar o contrato que a editora me ofereceu, foi que eu tinha que mandar meu texto já corrigido por um profissional e com outras despesas que teria, eu gastaria no mínimo dois mil reais, e tinha que fazer isso em menos de trinta dias. Estava numa fase ruim financeiramente falando (não que já tenha melhorado) e por isso tive que recusar. 

     Então é isso, por enquanto, não publicarei meus livros eu mesmo como tinha dito que faria dias atrás. Continuarei escrevendo estórias e opiniões sobre quase tudo e postando aqui no blog para que conheçam meu estilo, e assim fiquem interessados em comprar os meus livros se/quando alguma editora publicar.

História 002 - Terezinha

 Terezinha (Histórias do orfanato raio de sol)
                                                                                                         Neto Sanville


_______________________________ Parte 01

     Os órfãos que completavam doze anos passavam a dormir nos últimos dois quartos do corredor principal do orfanato. Havia nove meninos em um quarto e quatro meninas no outro: Anabela de dezesseis anos, Glória e Fernanda com quinze e Terezinha, a única branca, com catorze anos.
     Apesar dos esforços das Irmãs que cuidavam do orfanato para que elas se amassem como se fossem irmãs, Terezinha era odiada pelas outras três por estar sempre contando a Madre qualquer coisa errada que elas faziam.
     Era uma quarta-feira. Terezinha aproveitou o intervalo da escola, se aproximou de Anabela e falou:
- Descobri seu segredo!
- Não quero conversar com você. Não tenho NADA para conversar com você.
- Ah, tem sim! Eu sei que você está grávida.
- O quê? Ora... Não seja ridícula! Pára de inventar coisa. Me esquece, me deixa em paz!
- Não adianta tentar esconder. Nós dormimos no mesmo quarto. Acordamos na mesma hora, você usa o banheiro e eu uso logo em seguida. Tomamos café juntas, a gente vem e volta juntas todo dia da escola... Passamos a maior parte de nossas vidas juntas.
- Infelizmente!
- Até as nossas regras eram quase no mesmo dia, até três meses atrás... Achou que ninguém perceberia? Talvez as outras não, mas eu sei que você não tem menstruado há três meses.
- E daí? Isso não é da sua conta! Isso não quer dizer nada!
- Não se finja de burra! Você sabe do que eu estou falando. Você está grávida sim! Aposto que a Madre vai adorar essa novidade!
- O que você ganha com isso?
- Vê você se ferrando já é uma recompensa! Aposto que a Madre vai te deixar trancada no quarto por umas duas semanas, ou te obrigar a lavar todos os banheiros até a tua barriga tá do tamanho de uma jaca!
- Você é ridícula.
- E quando o teu filho nascer, ela vai dar pra outra pessoa criar!
- Eu devia...
- Vai fazer o quê? Bater em mim de novo? Esqueceu que semana passada nós fomos parar na diretoria por sua causa?
- Minha causa? Você que não devia ter contado a Madre que o Mateus tinha me dado aquele pacote.
- Ah, tá! Vocês ficam fazendo coisas erradas, se escondendo, e eu que devo ficar calada? Ser cúmplice de vocês? Ignorar o que a Madre nos ensina? Que não se deve mentir? E eu sei muito bem que não era nenhum diário como o Mateus falou! Ah, como eu quis saber o que vocês estavam  escondendo... Mas deve ser alguma coisa relacionada a sua gravidez!
- Quer saber? Eu tinha dito a Madre que não contaria a ninguém o que aconteceu semana passada, mas... Eu encontrei a minha mãe! Ela vai me tirar daquele orfanato.
- O quê?!? Como pode ser?
- Inteligência, querida, coisa que você não tem!
- Eu não acredito em você!
- Espera pra ver. Não vai demorar muito e eu vou sair dali, e você vai continuar lá!
- Isso não é justo!
- Veja pelo lado bom para nós duas, não vamos mais precisar conviver.
- Mas... Eu vou contar a Madre mesmo assim. Você vai se ferrar! Você e o Mateus, se é que ele é o pai!
- O quê? Agora você passou dos limites! Eu vou... Não, eu não vou sujar as minhas mãos com você... Eu não entendo por que você me odeia, eu nunca te fiz mal.
- Eu não te odeio. Só não concordo com as coisas erradas que você faz. Você não é um bom exemplo para ninguém no orfanato.
- Ah, e você é?
- Eu faço o que é certo, como a Madre e as Irmãs nos ensinam.
- Tá. Já falou o que tinha pra falar? Pode me deixar em paz agora.
- Eu vou, porque também não gosto de sua companhia.


________________________________ Parte 02.

     Ia dar duas horas da tarde. Terezinha foi falar com a Madre, e ela:
- Terezinha, o que você quer?
- Eu tenho uma informação bombástica!
- Terezinha, escute... Eu sei que pedi para você ficar de olho na Anabela, mas... Bem, isso já causou briga entre vocês, então eu vou querer que você só me fale os acontecimentos que forem importantes.
- Mas é muito importante! Ah, eu me lembrei... É verdade que ela encontrou a mãe dela?
- Como você soube disso?
- Ela me contou... Então é verdade. Ela vai sair daqui...
- É, mas não conte aos outros. Bem, se era só isso, pode ir.
- E ela lhe contou que está grávida?
- O quê?
- É isso mesmo, ela está grávida!
- Menina, como... Tem certeza disso?
- A senhora pode perguntar a ela. Fazer ela falar a verdade.
- É uma acusação grave.
- Faz três meses que ela não... Menstrua.
- Que palavra feia, menina.
- Desculpe, mas é a mais pura verdade. Pergunte a ela.
- Está bem, eu falarei com ela. Você pode ir agora.
- Quer que eu mande ela vir aqui agora?
- Sim, por favor. Obrigada.
     Terezinha foi até a cozinha onde Fernanda e Anabela estavam terminando de lavar os pratos, e falou olhando nos olhos de Anabela:
- A Madre quer falar com você. Agora!
- Você contou?
- O que você acha?
- Desgraçada! Te odeio.
- Melhor não deixar a Madre esperando...
     Anabela saiu e Fernanda falou:
- O que você aprontou dessa vez, Terezinha?
- Você vai saber logo. Todo mundo vai saber!
- Você não percebe que agindo assim as pessoas só vão te odiar cada vez mais?
- Tô. Nem. Aí.
- Vai ajudar a secar os pratos?
- Isso não é tarefa minha hoje! Aliás, vou aproveitar que está fazendo sol e pular corda no jardim com as outras meninas.
     Enquanto isso, Anabela chegou na sala da Madre e depois de confirmar a gravidez, a Madre disse:
- Quem mais sabe?
- O Mateus e a família da minha mãe.
- Você contou a ela?
- Foi. Eu disse que precisava sair daqui por que estava grávida, e sabia que a senhora daria o meu filho, como deu o filho da Lívia ano passado.
- Anabela, há leis e regras que eu preciso manter. Cumprir. Não posso ir contra elas, mesmo que eu não concorde. Mas... Você não devia ter escondido sua gravidez. Podia ao menos ter contado depois de ter encontrado a sua mãe.
- Eu não quis lhe preocupar com isso, Madre. A minha mãe vai me ajudar, até eu e o Mateus ficarmos juntos.
- Bem, você tem que se consultar. Com quantos meses está?
- Acho que vai fazer quatro.
- Céus! Já devia ter procurado a irmã Adelaide! Você tem que se cuidar.


_________________________________ Parte 03.

    Passara dois dias, era sexta-feira, dez e meia da manhã. Os Alunos tinham chegado mais cedo, pois estavam começando a fazerem as últimas provas do ano. Anabela e Fernanda estavam no jardim, afastadas dos outros. Fernanda falou meio sussurrando:
- Você não sabe o que eu fiz ontem à noite... Peguei o diário da Terezinha.
- Por que fez isso? Não é certo.
- Eu sei, é que estava com tanta raiva dela, das fofocas que ela faz...  Contar a Madre da sua gravidez foi a gota d’água. Ainda bem que terminou bem, mas... Queria encontrar uma forma de me vingar, por isso peguei o diário.
- Você não leu, né?
- Você conseguiria resistir?
- Não. Acho que não, mas... Não quero saber, você tem que devolver.
- Já devolvi agora há pouco.
- E deu tempo ler tudo?
- Não, mas li um bocado de coisa interessante... Ela fala mal de todas nós. Até de algumas irmãs. E ela acha que a Madre é como uma Heroína, e pior; quer ser como ela quando crescer.
- Ela vai para um convento?
- Não, ela quer mandar em todo mundo, ser dona de alguma empresa, ou coisa do tipo.
- Maluca.
- Totalmente. Mas não é a coisa mais chocante...
- Não me conte. É melhor parar por aqui.
- Você que sabe.
- Nanda, você não pode sair por aí contando a ninguém o que você leu.
- Tá, mas se ela aprontar alguma, vai se ver comigo.
     Passou o resto da sexta-feira e já era quase nove horas da manhã do sábado. A mãe de Anabela apareceu no orfanato, e quando Terezinha viu as duas junto, ficou com muita raiva. E inveja. A mãe de Anabela conversou com a Madre e mostrou os papéis que provavam que ela estava tentando recuperar a guarda da filha. Ficou certo que Anabela deixaria o orfanato no outro sábado, e Terezinha ficou com mais raiva ainda quando soube.
     E passou alguns dias e já era quarta-feira. Apesar da Madre está tratando Anabela bem por causa da gravidez, o convívio com Mateus ainda era algo proibido, então os dois continuavam conversando mais por bilhetes. Terezinha descobriu que era Fernanda quem fazia a troca dos bilhetes entre Anabela e Mateus e não perdeu tempo, foi logo contar a Madre.
     Como castigo, a Madre obrigou Fernanda a lavar todos os banheiros do orfanato. Fernanda sabia que Terezinha tinha contado a Madre, e planejou se vingar: iria revelar o segredo que ela escrevera no diário, e decidira que faria isso na sexta-feira, para que Anabela ainda tivesse tempo de saborear o sofrimento de Terezinha.
     Já era quinta de tarde. Fazia mais de três semanas que não chegava nenhuma criança no orfanato, e nenhuma era adotada, só que duas famílias que já tinham vindo algumas vezes apareceram e levaram dois dos órfãos; um de três anos que era loirinho e outro de quatro, que era negro. Terezinha ficou com raiva. Era assim toda vez que uma criança era adotada, ela não conseguia esconder o que sentia. Correu para o quarto e chorou. Apesar de saber desde os doze anos que não iria mais ser adotada, ainda não aceitava o fato de ser branca e não ter sido adotada.


________________________________ Parte 04.

     Chegou a sexta-feira. Foi o último dia de aulas, as últimas provas para os que não ficassem em recuperação, e era esse o assunto depois que terminaram de almoçar. Todos os órfãos estavam presentes e quatro Irmãs. Antes que começassem a se levantar, Fernanda se levantou e disse que tinha um comunicado importante. Todos olharam para ela, e ela começou:
- Eu vou revelar para vocês um segredo, algo que é muito bem guardado por uma pessoa que todo mundo aqui conhece: Terezinha!
     Anabela que estava sentada ao lado dela se levantou rápido e sussurrou no ouvido dela:
- Nanda, você não pode fazer isso.
- É claro que posso. Ela merece provar do próprio veneno, ter seus segredos revelados.
- Não faz isso. Olha, pode ser bem pior para você, não se rebaixe ao nível dela...
     Elas estavam sussurrando e um dos órfãos falou “vai contar, ou não?” e quase todos aderiram, queriam saber o tal segredo, mas Anabela falou “gente, A Fernanda descobriu que a Terezinha morre de inveja de mim, é só isso” e alguns disseram decepcionados “ah, todo mundo sabe disso” e aos poucos todos foram saindo do salão.
     Tinha se passado vinte minutos e Terezinha se aproximou de Fernanda que estava lendo um livro encostada no tronco da enorme mangueira que havia ao lado do orfanato. Ela tomou o livro e disse:
- Você acha que vou cair no seu joguinho? Eu não sou como você e a Anabela que vive aprontando. Eu não tenho nada para esconder.
- Será que não?
- Eu vivo a minha vida honestamente, não sou como vocês que estão sempre desobedecendo as normas do orfanato.
- “Querido diário, acho que ele me ama. Hoje quando eu peguei a prova, ele elogiou a minha nota, olhou nos meus olhos, sorriu e piscou para mim. Senti as minhas pernas tremendo e perdi a fala. Acho até que fiquei vermelha, pois as minhas bochechas esquentaram, e voltei logo para a minha cadeira antes que ele percebesse”... Quer que eu continue?
- Você... Você leu o meu diário?
- Li. E se você não parar de vigiar a gente, todo mundo aqui vai saber que você está apaixonada pelo professor de matemática. Um homem casado.
- Você roubou o meu diário? Como pode fazer isso? Eu vou contar para a Madre, você e a Anabela vão se ferrar.
- A Anabela não tem nada a ver com isso, e a sua sorte foi que ela não permitiu que eu contasse para os outros agora há pouco. Ela nem sabe o que tem no seu diário. Ao contrário do que você pensa, ela não te odeia. Ela nem quis saber dos seus segredos.
- Mas você vai pagar por isso!
- Se você contar a Madre, eu conto a todo mundo. E daí que ela vai me mandar lavar todos os banheiros de novo? Todo mundo vai saber do seu segredo. Vai pagar pra ver?... Devolve o meu livro e me deixa em paz.
     Terezinha devolveu o livro e saiu. Passou a tarde toda pensando se contava ou não a Madre, e achou melhor não contar. No outro dia de manhã, a mãe de Anabela veio buscá-la e todos estavam se despedindo dela. Terezinha se aproximou e pediu para falar com ela, e se afastaram dos outros. Terezinha disse:
- Me desculpe por tudo, eu... Só estava fazendo o que achava certo.
- Está tudo bem, já é passado.
- Obrigado por impedir a Fernanda de contar o meu segredo. Você não sabe mesmo, né?
- Não quis saber. Falei a ela que era errado, e pedi que ela não contasse, mas não quis saber. Odiaria que alguém lesse o meu diário.
- Eu queria te pedir uma coisa... Me diz como você conseguiu encontrar a sua mãe.
- Não posso.
- Por favor!
- Eu peguei a chave escondido e pedi que o Mateus entrasse no quarto dos segredos e procurasse alguma pista.  
- Nossa, você é do mal mesmo! Eu nunca faria uma coisa dessas.
- Imagino que sim, mas foi assim que descobri o bilhete que minha mãe deixou comigo quando cheguei aqui, onde ela explicava o motivo e deixou a assinatura. O Mateus a encontrou procurando na lista telefônica. Inteligência e sorte. Mas, eu sei que você não vai roubar a chave, nem invadir o quarto dos segredos, então, vai ficar aqui até completar dezoito. Boa sorte, preciso ir.
- Boa sorte também. Mesmo.
     Anabela voltou para junto dos outros, e pouco depois saiu do orfanato com a sua mãe. Terezinha passou o resto do dia perturbada com a idéia de que podia haver no quarto dos segredos alguma coisa que a levasse até os pais. E passou mais três dias pensando nisso, até que decidiu tomar uma atitude. Procurou a Madre, que falou quando a viu:
- Não me diga que aprontaram alguma coisa?
- Não que eu saiba. Eu preciso falar com a senhora... Eu descobri que o Mateus invadiu o quarto dos segredos e descobriu sobre a mãe de Anabela.
- Isso não importa mais, os dois foram castigados e Anabela já não pertence mais a esse orfanato.
- Eu sei, mas... Madre, eu nunca faria isso, nunca invadiria o quarto, mas eu queria saber se tem alguma coisa lá sobre os meus pais.
- Terezinha, nem todas crianças são deixadas aqui com informação dos pais.
- Eu sei, eu vejo isso, mas... Por favor, eu preciso saber.
- Eu me lembro de todas as crianças que chegaram até hoje, eu arquivo tudo pessoalmente... Você não foi deixada aqui por sua mãe ou seu pai, foi a justiça que lhe trouxe. Acredite, não tem como encontrar ninguém da sua família.
- Eles morreram? Foi num incêndio?
- Querida, você foi... Foi achada numa sacola dentro de um lixeiro na rua. Desculpe.
- O quê?
- Desculpe, só lhe conto isso para que não alimente esperanças de encontrar sua família. Não chore...
     A madre a abraçou e falou:
-Vai ficar tudo bem, você vai superar isso, já está ficando uma moça, logo estará pronta para fazer a sua vida. Nós estamos aqui para cuidar de você. Não é o que temos feito? Tudo vai ficar bem, querida.
     Pouco depois Terezinha pegou seu diário e começou a escrever: “Querido diário, hoje é o dia mais triste da minha vida”.

                                                                                      Fim

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Como uma bolha de sabão.



     O amor é o que existe de mais poderoso no universo dos sentimentos. Capaz de salvar ou condenar uma pessoa, transformá-la negativamente ou positivamente. É de graça, e é para todos. Até para os que não sabem e os que não o sentem. E os que fingem que não sentem.

     O amor é algo como manter a mais poderosa energia que existe protegida apenas por uma membrana tão frágil quanto uma bolha de sabão. Precisa muito cuidado para que ele não se disperse, destruindo tudo o que havia sido criado enquanto ele existia.

     O amor não fica contido dentro de nós, ele vai se expandindo e é como se fosse uma célula em crescimento constante, onde nós fossemos o núcleo.

     Como se nós fossemos o centro dele, e ele um universo. Contido por uma membrana tão frágil quanto uma bolha de sabão.

     Como uma bolha de sabão flutuando ao sabor do vento. Divertindo adolescentes e idosos; irritando adultos que acham que tem coisas mais importantes para fazer, que acham que não podem perder tempo com isso.


     Como uma bolha de sabão que é única. Que acaba quando estoura, sem chances de “restart” ou remendos, consertos.

     E mesmo que se faça outras, mesmo que os ventos te tragam outras, cada bolha de sabão é única.

                                            ( Escrevi isso agora, assim do nada, e só vou publicar porque gostei.)

Inferno Astral


     Nunca acreditei muito em astrologia, mas há uns meses acho que estive em meu inferno astral. Fui traído, roubado, rejeitado, ignorado. Tive que abrir mão de algumas coisas, me afastar de algumas pessoas (Não estava me sentindo boa companhia para ninguém). Claro que adoraria ter alguém para pedir ajuda, mas aí não seria eu. (Tenho algumas dezenas de conhecidos, mas não quis incomodar ninguém).

     Fiquei muito depressivo. Claro que consegui esconder bem minha tristeza, como sempre faço com todo e qualquer sentimento que considero negativo.

     O ruim da depressão é se sentir um lixo. Como se tudo o que vivemos antes não tivesse importância. Me senti como se eu tivesse plantado um bocado de árvores e tivesse descoberto de repente que nenhuma delas daria frutos, apesar de eu as adubar e regar com atenção; de tê-las plantadas onde levariam sol e chuva, onde pudessem serem abraçadas pelo vento...

     Sinto uma tristeza muito grande quando penso que não conseguirei produzir tudo o que sou capaz de criar. Poderia fazer filmes, gravar CDs, escrever livros, fazer vários tipos de artesanatos e muitas coisas mais, e no entanto não consigo finalizar quase nada, por mais que eu me esforce. E é como se estivesse vivendo por nada, um tempo perdido que nunca será recuperado.

     Foi um mês difícil de muitos estragos, e só agora, quatro meses depois, estou me recompondo. A única coisa que lamento de verdade é saber que nunca mais reconstruirei os laços de convívio com as pessoas com quem convivi nos seis primeiros meses desse ano, e a culpa é só minha, que fique bem claro. Queria mesmo ser diferente, ser mais sociável, mas apesar da minha boa educação, sei que não fui feito para conviver com outras pessoas. Acabo estragando tudo. (Maldita síndrome de Asperger!)


     O bom da vida é que sempre consigo encontrar forças para seguir em frente, e sendo assim, voltei a sonhar de novo com algum futuro. (Estive vegetando nos últimos meses, mas agora estou cheio de planos de novo). Ainda não sei o que vou fazer, só sei que vou correr atrás de algo no próximo ano.