sábado, 13 de dezembro de 2014

Um cara foi assassinado perto da minha casa.


   Eu estava na minha casa esperando que o cara da vidraçaria fosse colocar um dos vidros da minha janela, coisa que espero há mais de um mês e ele me enrolando; mas hoje quando passei lá às nove da manhã ele disse que ia de certeza. (Pior que essa é a segunda vez que procuro os serviços deles, e na primeira vez eles atrasaram; mas como acho que todo mundo merece uma segunda chance... E eu já deixei pago, há mais de um mês isso).

   Então estava esperando desde nove e meia, e quando estava indo para a cozinha, ouvi cinco tiros. Tinha acabado de olhar as horas no celular e eram onze horas e um minuto.

   A minha casa fica próxima a pista principal, e depois da minha tem só mais duas e é a esquina, onde recentemente abriram um bar. Do outro lado da rua do bar tem dois campos, e o cara do bar tinha colocado umas mesas com cadeiras embaixo de uns coqueiros que tem entre a rua e o campo.

   Mesmo antes de sair para olhar, já ouvi as pessoas falando: “Ele fugiu por ali, fugiu de bicicleta, eu vi quando ele sacou o revólver, é muita ousadia” e sai de casa e vi que as pessoas já corriam para ver o corpo esticado no chão. E ouvi o dono do bar esbravejar: “Se eu tivesse um carro agora eu corria atrás daquele desgraçado e atropelava ele!”. E continuavam vindo pessoas de todos os lados, e eles eram tão rápidos que eu nem consegui ver o corpo, mesmo estando a uns sessenta ou setenta metros de distância.

  Na verdade não tenho a menor curiosidade de ver pessoas mortas, principalmente quando julgo (preconceituosamente talvez) que se trata de um bandido. Acho meio difícil um inocente morrer assim. Cinco tiros. Dois, uma pausa e outros três. E o pior e que os meus futuros vizinhos saíam de suas casas e passavam por mim com um olhar que parecia dizer “Ué, você não vai ver o cadáver?”. E se algum deles me perguntasse isso, (juro que pensei na hora nessa hipótese que) responderia “não. Se fosse pessoas fazendo sexo ou algum animal parindo,ou algo que parecesse divertido; talvez não resistisse em ir olhar, mas não tenho nenhum prazer em ver gente morta”. Entrei em casa.

   Passou quinze minutos quando a sirene da polícia anunciou que estavam chegando. Mas uns dez e eu subi as escadas e fui ver pela janela como estavam as coisas. Incrível, tinha tanta gente, que não passaria um carro na rua. E o que me deu vontade de rir foi ver três moleques correndo, vindo de longe lá das ruas que ficam por trás dos campos, desesperados talvez com medo de não chegar a tempo de ver o cadáver. Voltei, desci as escadas, peguei de novo meu celular e fiquei jogando enquanto esperava o cara da vidraçaria.


   Meio dia e cinco saí na rua, agora havia poucas pessoas, mas se brincar, ainda tinha umas cinqüenta um pouco afastadas, nas calçadas. Agora dava para ver o corpo coberto por um pano marrom, e dois policiais e uma policial ao lado do carro deles. E o cara dor bar virava os churrascos na churrasqueira como se não tivesse acontecido nada?!? Entrei em casa de novo. 

   Alguns minutos depois, subi as escadas, dei uma olhada rápido, fechei as duas janelas e desci novamente. Fechei a porta da cozinha, me certifiquei que todas as luzes estavam apagadas. Era meio dia e dez. Decidi esperar mais um pouco. Minha paciência acabou dez minutos depois, e decidi voltar para a casa dos meus pais. Fechei a porta e o portão e me mandei.

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