Sabe aqueles programas de televisão que exibem pessoas
solteiras tentando arrumar um parceiro sentimental? Eu sempre me perguntei por
que as pessoas se permitiam expor seu fracasso amoroso para todo o país. Eu via
um bocado de pessoas bonitas, mulheres resolvidas, caras bem de vida. Eu não
acreditava que eles não pudessem resolver a situação na própria cidade. Eu
achava que aquilo tudo era armação (claro que tem um pouco de armação em alguns
programas, principalmente nos da atualidade).
O fato é que eu não entendia, pois é tão simples ficar com
alguém. Eu só vim entender há uns seis anos atrás. Meus conhecidos, pessoas
próximas a mim se encontravam na mesma situação. Mas, o que leva a isso? Por
que apesar de ter tanta gente, algumas pessoas não conseguem um relacionamento
sério que termine em casamento?
Eu observei que tem a ver com as atitudes. Pessoas que
namoram demais parecem perder a credibilidade. Outros querem um relacionamento
onde continuem como solteiros, e geralmente terminam sozinhos. Eu observei que
a maioria dos meus conhecidos começaram a namorar, vacilaram e a menina
engravidou. Quase todos se juntaram por causa disso. Os mais
inteligentes(Desculpem achar burrice, eu sei que precisamos nos reproduzir, mas
acho que deve ser uma coisa planejada) namoram um tempo e terminaram os
namoros, namoraram de novo e nem assim todos se casaram.
Eu achava que as meninas feias tinham mais dificuldade de
encontrar alguém, mas eu vi que na realidade é bem equilibrado. As minhas
conhecidas que se cuidavam e se produziam menos, hoje as que não estão morando
com alguém ao menos tem filhos, e as mais belas (não todas, que fique claro)
ainda estão procurando alguém. Um dia desses encontrei uma e ela foi logo me
perguntando se eu tinha casado. Quando respondi que não, ela riu e disse que
ela e a amiga também tinham ficado para titias, e eu me defendi: eu ainda não
passei da idade de casar! (Não devia ter dito isso, a coitada fez uma cara, que
eu tive que mudar logo de assunto).
Mas a verdade é que estou no mesmo barco, afinal passei dos
trinta. Eu tenho observado nos últimos anos como é a vida. Vejo adolescentes se
juntando (por causa da gravidez das meninas), mas confesso que sinto um pouco
de inveja. Se eu não pensasse tanto, se não planejasse tanto, já teria filhos.
Podia até está no sufoco, não ter conseguido construir minha casa, mas teria
minha família, já seria pai, e não o filho.
Às vezes quando vejo um desses casais me pergunto “o que foi que essa
menina viu nesse cara? Eu sou mais bonito, eu tenho trabalho, tenho uma casa”.
Acho que agora entendo bem por que algumas pessoas vão para
programas do tipo namoro na tevê. Por mais que tenha pessoas de sexualidades
opostas na nossa cidade, fica cada vez mais difícil olhar para uma delas e
dizer para si mesmo que é ao lado daquela que eu quero envelhecer. Acho que a
facilidade de fazer sexo está estragando tudo. Não sei se é o fato de ter
passado dos trinta, mas sexo agora parece tão pouco importante quando penso em
alguém. Acho que me acostumei com os muitos dias sem sexo, e a facilidade de
saber que até mesmo na rua em que moro, tem alguém com quem pode rolar de vez
em quando. Ou então que basta sair e a possibilidade de acontecer passa dos
cinqüenta por cento. Aquela estória de “quem procura acha” se encaixa
direitinho para o sexo. Conheço algumas solteiras, mas não rola entre nós um
sentimento suficiente para um relacionamento sério. Acho que se fossemos morar
juntos, não duraria seis meses.
É estranho como quando a gente é adolescente parece que se
apaixona todo dia; mas depois de virar adulto, as pessoas parecem ser tão
comuns, e geralmente só despertam o desejo sexual. Ou então, quando você se
interessa por alguém, descobre que já é comprometida.
Mas amor é diferente. É você querer dividir seu tempo com
outra pessoa, construir coisas juntos.
É quando você vê crianças e você se sente um fracasso, por
não ter ainda filhos (mesmo já tendo passado dos trinta), que você reconhece
que alguma coisa não está certa. Achei que era drama de uma amiga minha, mais
ela tinha razão. Às vezes eu penso que estou esperando demais. Vai ver eu
cheguei ao ponto onde pessoas nessa situação se inscrevem num desses programas
para tentar encontrar a sua cara-metade.
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