sábado, 7 de fevereiro de 2015

Namoro na tevê.


Sabe aqueles programas de televisão que exibem pessoas solteiras tentando arrumar um parceiro sentimental? Eu sempre me perguntei por que as pessoas se permitiam expor seu fracasso amoroso para todo o país. Eu via um bocado de pessoas bonitas, mulheres resolvidas, caras bem de vida. Eu não acreditava que eles não pudessem resolver a situação na própria cidade. Eu achava que aquilo tudo era armação (claro que tem um pouco de armação em alguns programas, principalmente nos da atualidade).

O fato é que eu não entendia, pois é tão simples ficar com alguém. Eu só vim entender há uns seis anos atrás. Meus conhecidos, pessoas próximas a mim se encontravam na mesma situação. Mas, o que leva a isso? Por que apesar de ter tanta gente, algumas pessoas não conseguem um relacionamento sério que termine em casamento?

Eu observei que tem a ver com as atitudes. Pessoas que namoram demais parecem perder a credibilidade. Outros querem um relacionamento onde continuem como solteiros, e geralmente terminam sozinhos. Eu observei que a maioria dos meus conhecidos começaram a namorar, vacilaram e a menina engravidou. Quase todos se juntaram por causa disso. Os mais inteligentes(Desculpem achar burrice, eu sei que precisamos nos reproduzir, mas acho que deve ser uma coisa planejada) namoram um tempo e terminaram os namoros, namoraram de novo e nem assim todos se casaram.

Eu achava que as meninas feias tinham mais dificuldade de encontrar alguém, mas eu vi que na realidade é bem equilibrado. As minhas conhecidas que se cuidavam e se produziam menos, hoje as que não estão morando com alguém ao menos tem filhos, e as mais belas (não todas, que fique claro) ainda estão procurando alguém. Um dia desses encontrei uma e ela foi logo me perguntando se eu tinha casado. Quando respondi que não, ela riu e disse que ela e a amiga também tinham ficado para titias, e eu me defendi: eu ainda não passei da idade de casar! (Não devia ter dito isso, a coitada fez uma cara, que eu tive que mudar logo de assunto).

Mas a verdade é que estou no mesmo barco, afinal passei dos trinta. Eu tenho observado nos últimos anos como é a vida. Vejo adolescentes se juntando (por causa da gravidez das meninas), mas confesso que sinto um pouco de inveja. Se eu não pensasse tanto, se não planejasse tanto, já teria filhos. Podia até está no sufoco, não ter conseguido construir minha casa, mas teria minha família, já seria pai, e não o filho.  Às vezes quando vejo um desses casais me pergunto “o que foi que essa menina viu nesse cara? Eu sou mais bonito, eu tenho trabalho, tenho uma casa”.

Acho que agora entendo bem por que algumas pessoas vão para programas do tipo namoro na tevê. Por mais que tenha pessoas de sexualidades opostas na nossa cidade, fica cada vez mais difícil olhar para uma delas e dizer para si mesmo que é ao lado daquela que eu quero envelhecer. Acho que a facilidade de fazer sexo está estragando tudo. Não sei se é o fato de ter passado dos trinta, mas sexo agora parece tão pouco importante quando penso em alguém. Acho que me acostumei com os muitos dias sem sexo, e a facilidade de saber que até mesmo na rua em que moro, tem alguém com quem pode rolar de vez em quando. Ou então que basta sair e a possibilidade de acontecer passa dos cinqüenta por cento. Aquela estória de “quem procura acha” se encaixa direitinho para o sexo. Conheço algumas solteiras, mas não rola entre nós um sentimento suficiente para um relacionamento sério. Acho que se fossemos morar juntos, não duraria seis meses.

É estranho como quando a gente é adolescente parece que se apaixona todo dia; mas depois de virar adulto, as pessoas parecem ser tão comuns, e geralmente só despertam o desejo sexual. Ou então, quando você se interessa por alguém, descobre que já é comprometida.

Mas amor é diferente. É você querer dividir seu tempo com outra pessoa, construir coisas juntos.

É quando você vê crianças e você se sente um fracasso, por não ter ainda filhos (mesmo já tendo passado dos trinta), que você reconhece que alguma coisa não está certa. Achei que era drama de uma amiga minha, mais ela tinha razão. Às vezes eu penso que estou esperando demais. Vai ver eu cheguei ao ponto onde pessoas nessa situação se inscrevem num desses programas para tentar encontrar a sua cara-metade.

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